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domingo, 13 de janeiro de 2013

De vez em quando, ou de quando em vez


Olho para as cortinas do meu quarto e me pergunto: porque, diabos, insisti tanto para que ele tivesse duas janelas?  Tento mudar a mobília de lugar, mas, se eu afastar o guarda roupa, uma das janelas fica tampadas. A verdade é que o que preciso, de fato, é mudar os sentimentos de lugar, assim, de dentro para fora da vida.
 Tô precisando não me lembrar da paz dos teus olhos quando tiramos aquela foto tão cinza, que de paz só tinha seus olhos. Quem sabe esquecer sua voz dizendo: está com medo? Eu estava com muito medo. Medo de passar por esse estado de achar que os problemas estão na mobília do quarto, na casa como um todo, no sofá sem qualidade, ou quem sabe na cidade.
Tenho sentido medo, meu anjo, medo dos dias estarem de fato parados, como você diz. É, porque, se eles pararem, a dor fica intacta. O tempo precisa correr, afinal cada minuto a mais é uma dor menos dolorida, assim, sessenta segundos menos dolorida. Sessenta segundos mais esquecida. Um minuto todo que ficou para trás, e não vai voltar, ufa.
Também tenho tentado evitar contato, mas é quase impossível, como é que vou saber quando Júpiter entrar em Saturno se não souber todos os dias como é que você está, se está se alimentando, se está sorrindo? Tá, eu sei, Júpiter não faz parte dessa história, eu simplesmente não consigo ficar sem  ver seu português horrível. Acho que estou aprendendo a lidar com o fato de não dar certo, disseram que, na verdade, o estranho é dar certo. Sabia, que me contaram que é uma verdadeiro milagre alguém gostar de você e você gostar do alguém? Acho que é por isso que não damos certo, eu sou espírita e você tão agnóstico. É óbvio que não presenciaríamos esse milagre... Eu ainda tenho lá as minhas chances, será que eles dão uma porcentagem para quem já foi católico? Ah, do que é que eu estou falando?
To falando que aquela cerveja, você pode ficar com ela. Eu não quero mais não. Ah, e pode levar sua troca de roupa aqui do meu quarto, prometo que saio quando vier buscar. Você já pode tirar seu cheiro do meu corpo, e aquela mordida do meu pescoço, já pode me tirar o arrepio que me causa toda a vez que eu penso em você. Que tal levar embora essa dor martelada em minha cabeça, os choros nos banhos, as noites sem dormir? Deixa aqui o zelo, o zelo que tenho por você, mas deixa convertido em auto-estima, deixa convertido em amor e zelo que eu tenho de ter por mim mesma. As garrafas de vinho são minhas, se quiser posso dividir, mas não leva tudo não, porque os dias ruins estão aí e é difícil superar assim, à palo seco.
Hoje eu tentei contar uma piada, mas aí eu percebi que quem as contava era você... eu começava a rir e não conseguia falar. Isso ainda tem acontecido, digo, eu não conseguir falar. Por exemplo, ontem mesmo um amigo me perguntou: o que é que você tem? Então, eu fiquei pensando se deveria responder “nada” ou “um monte de porcaria”. No final das contas, balancei a cabeça e balbuciei aquele tipo de som que significa: se eu falar, vou chorar.
Vê se pode! Eu, Beatriz, com esse nó na garganta, essa preguiça da rotina, essa retina molhada. Já pensou se isso não passar mesmo? Nossa, será uma pena. Porque eu sei que no fundo do meu peito ainda tem vontade de viver esse monte de vida que tenho pela frente, no fundo do coração eu sei que vou amar outra pessoa, quem sabe casar com ela e ter dois filhos que vão fazer, todos os dias, até os quatro anos de idade, um grande cocô pra eu limpar. E eu vou gostar e dar a eles um amor maior do que esse que te dei. Que ainda é seu. Já pensou? Com toda certeza será algo estupendo!
Mas agora é sério, me procura de vez em quando ou de quando em vez. Mas me procura! Vem me dizer, de vez em quando, ou de quando em vez que a gente ainda pode ficar, que a cerveja ainda está guardada. Mesmo que a gente nunca mais se veja, mesmo que a cerveja já esteja no canal urinário... De vez em quando vem aqui, e me mostra que sente alguma coisa por mim, qualquer coisa que se sinta, sei lá. Vem me dizer algo do tipo: hoje eu lembrei de você. Ah, você finge bem, me faz esse favor ,então. E eu vou ficar feliz, vou achar que você se importou em algum momento com isso, vou achar que essa porcaria um dia teve sentido, e tudo fica bem, meu bem.   

Um comentário:

  1. Olá, Paôla!!!!

    Minha musa!!!! Caramba!!!! por isso mesmo, é que tanto aconselho: " não deixem pra revisar tudo para o fim do ano"!!!!
    É melhor, que se faça mais à amiúde as leituras e treinamentos dos conteúdos das disciplinas, para evitar essas toneladas de dúvidas e quilos e mais quilos de precisões!!!! Não está entendendo nada disso que eu estou falando aqui!!!! Nem eu!!!!! KKKKKKKKKKKKKKKK!!!!!!!!!

    É uma brincadeira, minha musa!!!! É só para descontrair!!!! E também, estou bastante alegre, aliás, sempre fico, ao ler os seus artigos!!!!
    Esse aqui, é uma apologia aos... "cinquenta tons de cinza"???? Calma menino!!!! KKKKKKKK!!!!!!!! Você escreve muito bem, Paôla e, já estava "só pele e osso", por esperar e com saudades para ler novas postagens por aqui!!!

    Feliz , retorno ao lar, digo... ao blog!!!!

    Mas, me diz: tem certeza que esses inofensivos peixinhos ornamentais aqui,na~são vorazes piranhas disfarçadas como tais e, caramba!!!! Mais outro ponteiro de meu mouse que eles comem juntos com a ração!!!! Eu, hein????? Rsrsrsrsrs!!!!!

    Aguardando ansioso por mais outras postagens, digo um... até breve e, desejo muita saúde e paz, para você e a sua família!!!!

    Um abraço!!!!!

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