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quarta-feira, 24 de julho de 2013

Sobre um relacionamento nada sério

Friozinho. Chuvinha. Lembranças. 
Há uma frase que diz que saudade é o amor que fica. Deve ser isso mesmo. Nada muito grave. Nada muito bom, nem muito ruim. É quase bonito sentir saudade de alguma coisa ou de alguém. Mas quase bonito até eu sou. Coisa sem graça é coisa-quase. 
Quase derrubar mais uma gota de adoçante no café quente. Quem se importa? Quem se importa se temos a chance de ter um quarto de casal naquele congresso importante ou se vamos pegar carona juntos e fazer amor por telepatia, como a Rita Lee? Quem se importa se é a primeira vez de alguém com quem será a última?Ninguém liga pra isso mesmo.
E se for a última vez do primeiro ano de muitos que virão até que uma hora seja possível se fazer último? Não sei. Estive pensando. Assim, nada rotineiro, nada com amor desesperado, uma data para se encontrar, matar a saudade, remediar algumas dores dispensáveis, chorar ao dizer tchau e esperar o próximo ano. E continuar essa insana mania de deixar rolar. Deixar rolar? Aposto que foi isso o que aconteceu com o primeiro floco de neve que resolveu descer em uma avalanche. Ah.
Tenho cores por todas as partes dos pensamentos e há um lugar com cara de paz. Esse lugar esteve ocupado e as vezes alguém tenta ocupar, mas paz é mais bonito e decido por ela. Parece que há alguém tentando me surpreender, quem sabe até me convencer. Mas ninguém se importa. É como aquela xícara de café do começo do texto, que até que eu chegue o final já deve ter esfriado. Se a gente não deixa se consumir, é perigoso que esfrie e pega mal. Pega mal ficar por aí bebendo café frio que esfriou porque se gastou tempo demais olhando e pensando: será que se eu beber agora vou me queimar?
Medo de se queimar deve ser a causa da infelicidade. Você senta certo dia numa sala de espera e alguém poderia mudar sua vida. Mas teve medo que você não quisesse conversar. Você poderia certo dia ter tido sua mão tomada, sua boca lambida com calor, poderia ter ficado com os seios apertados na mão de alguém que lhe tinha todo seu amor. Mas o medo de se queimar não deixou essa pessoa lhe segurar nem pelas mãos, nem pelos seios, nem pela alma. Fez expelir. E tem que ter coragem para dizer tchau, porque a verdade é que vai dar vontade de voltar. Já deu né? Mas, quem se importa? Não, não vou ser tão ruim. Eu me importo, mas resisto a mais esse inverno e quantos forem até não me lembrar mais que achei que nunca na vida seria possível esquecer. 

Mil desculpas. Mil desculpas? Mil perdões, então. E agora, quer que eu atenda com "alô", "oi" ou "olá"? Vai me deixar desligar na hora que eu desejar? Dá pra me dar mais edredom? Dá pra apagar o abajur? Quem vai começar a primeira discussão? Quem vai desligar a televisão, soltar um palavrão ou xingar a mãe do Faustão? Quem vai dizer tchau primeiro? Quem vai pedir pra voltar por último? Isso não é brincadeira, é vida. E vida, vez em quando, requer cuidado. Uma palavra mal dita e faz um estrago enorme. Então... Me passa o edredom, porque essa é a última noite que durmo com você, até... a próxima. E quantas outras vezes vamos nos amar e nos desamar? Nem calculadora científica é capaz de encontrar o x da nossa falta de relação, que é, sobretudo, nosso relacionamento nada sério. 

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